Para todos?

Educação para todos é não precisar incluir; pressupõe-se que não haja excluídos.

Se é preciso incluir é porque não é para todos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

DESCONSTRUINDO A NAÇÃO - Roberta Close tem mais destaque em livro de História do que Juscelino Kubitschek, afirma o senador ...



Desconstruindo a nação – O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) se sobressaiu ao fazer um pronunciamento da tribuna do Senado criticando a utilização de livros com conteúdo inadequado por parte do Ministério da Educação (MEC).
O parlamentar goiano explicou à reportagem do ucho.info o que o instigou a se aprofundar na leitura dos escabrosos títulos indicados e distribuídos à rede de ensino pública do Brasil. Demóstenes diz que leu os livros do MEC para conhecer a qualidade “didática” das obras avalizadas pelo ministério. “Foi muito desagradável, mas eu quis ler esses livros inclusive de história do Brasil, de Português. É um negócio escandaloso”, avaliou o senador.
“Veja só que Roberta Close, não é uma crítica pontual. A Roberta Close tem mais destaque no livro do que Juscelino Kubistchek, do que Dom João VI, quer dizer, que vulto histórico é esse que tem maior presença na história do Brasil.”
Quando se trata da avaliação de alguns contos, o senador é mais rigoroso na crítica. “Uma menina de em torno de 10 anos de idade é estuprada e ela gosta do estupro. Gosta de ser chamada de vagabundinha. Nós estamos perdendo o senso do ridículo”, ressalta. Na opinião de Demóstenes, é indecência o que se divulga nos livros destinados aos estudantes. “Não podemos de forma alguma aceitar que isso continue. Nós já pedimos uma audiência pública. O senador Pedro Simon quer discutir esse assunto, o senador Cristovão Buarque também porque são materiais didáticos distribuídos Brasil a fora.”
Demóstenes também analisa o impacto das obras. “Acabam gerando problema gravíssimo em termos de aprendizado e desvirtua completamente a educação ideologizada. Em muitos lugares há uma propaganda explícita do ex-presidente Lula. É uma tentativa doutrinária de reinventar o Brasil. A situação é terrível. Primeiro que quando se ensina ideologia não se ensina o essencial. Não se ensina matemática, Português, Literatura, língua estrangeira, não se ensina História do Brasil. Então, consequentemente, os alunos não se preparam para enfrentar a vida.”

Carta de Pedro Ivo à Academia Brasileira de Letras


O motivo da carta foi o mau comportamento de Eduardo Portella durante uma palestra do poeta Pedro Ivo. Para quem não se lembra, Eduardo Portella foi o ministro da educação que, quando demitido pelo Presidente Figueiredo, disse : “ não SOU ministro, ESTOU ministro”; isto permitiu que a sociedade brasileira (kkk) tomasse conhecimento da diferença entre SER e ESTAR, qual seja, “ser” é condição permanente de “estar”, e “estar” é condição provisória de “ser”. Atualmente, este achado (kkk) do ex-ministro é repetido bocomente por muitos como prova de inteligência e originalidade...
Em tempo: Eduardo Portella foi dos primeiros a lançar a tintura vermelha para encobrir a cabeleira grisalha, o que apresentava um notável contraste com as rugas da velhice. (Atualmente, a tintura vermelha é conhecida por “Coleston ditador”...)

"Sr. Presidente,

Senhoras Acadêmicas,

Senhores Acadêmicos,

Nesta Academia, como em todas as corporações que se regem pelas normas da civilização, da boa educação, da polidez e da conviviabilidade, o silêncio do auditório, durante a fala de um dos seus integrantes, é um princípio pétreo.

Esse princípio, Sr. Presidente, foi vulnerado quinta-feira última, quando eu estava falando sobre Gonçalves de Magalhães.

Durante 25 minutos, este auditório ouviu, ininterruptamente, ganidos, gemidos, vagidos, coaxos, grasnidos, uivos, ladridos, miados, pipilos e arrulhos intoleráveis, senão obscenos, de um macilento boquirroto ostensivamente deliberado a tisnar e perturbar a minha exposição.

Momentos antes, Sr. Presidente, V. Exa. exarava o seu zelo por esta Casa versando sobre a quilometragem exorbitante de um dos táxis que servem aos acadêmicos do plenário e que, em seu alto juízo, golpeava as burras fartas desta Academia, a mais rica do mundo.

Esse zelo, que é louvável, ou extremamente louvável, se cingiu na sessão de 5. feira última, a um inquietante item monetário, e não voltou a florescer quando um dos mais antigos integrantes desta Casa discorria sobre Gonçalves de Magalhães.

Entendo que era dever inarredável de V. Exa. impor então ao auditório o silêncio de praxe, exercendo plenamente a sua Presidência.

Esse entendimento, aliás, não é só meu --- mas ainda o de outros companheiros que, finda a sessão, e ao longo da semana, estranharam a omissão, leniência ou tolerância de V. Exa.

Houve até companheiros que me externaram a opinião de que eu deveria ter suspendido a minha palestra, já que ela fluía num ambiente toldado pela enxurrada de grasnidos a que já aludi.

E não posso nem devo esconder que outros confrades, apreciadores das soluções surpreendentes ou belicosas que quebram a monotonia da vida e das instituições me interpelaram, surpresos, desejosos de saber onde estava a minha alagoanidade, que não se manifestara.

A todos esses companheiros fiéis à tradição de urbanidade e conviviabilidade desta Academia, onde estou há 25 anos, expliquei o ter lido o meu texto até o fim.

Deus, em sua infinita generosidade, assegurou-me, aos 87 anos, o timbre de voz de minha juventude.

Não pertenço à raça dos velhos trôpegos que, com voz de falsete, emitem arrulhos indecorosos em ocasiões em que a decência reclama o ritual do silêncio.

Mas a razão decisiva que me levou a não suspender a minha palestra é outra. Além de ter mantido em mim a voz de minha juventude, Deus me aquinhoou com o sentimento da misericórdia --que é a compaixão suscitada pela miséria alheia-- e da piedade, que é dó e comiseração.

Confesso, Sr. Presidente, que me confrange o coração assistir ao penoso espetáculo dos que, alcançada a velhice, ostentam em seu trajeto os sinais indeléveis e quase póstumos da decadência física, mental e moral aceleradas, e mesmo amparados por bengalas astutas rastejam nos salões, corredores e auditórios tão lastimosamente, com os olhos mortiços fixados no chão, como se temessem resvalar em uma cova aberta.

Há velhos que não sabem envelhecer e, desprovidos da alegria e do amor à vida, e do emblema do convívio, destilam ódio, inveja e despeito, porejam calúnias e intrigas, bebem o fel do ostracismo e da obscuridade.

Há velhos que procuram enganar-se a si mesmos, pintando os cabelos, embora as florejantes e fartas cabeleiras antigas já tenham sido devastadas pela sabedoria ou impiedade dos tempo, que as converte em insidiosas relíquias capilares.

Esses velhos enganosos e enganados, o padre Manuel Bernardes os estampilha de "tintureiros de si mesmo".

No episódio em pauta, o uso imoderado dessa tintura, ou pintura, para esconder o inescondível e disfarçar o indisfarçável, casa-se com a boquirrotice provocadora.

Mas, tintureiro de si mesmo e boquirroto, esse personagem bizarro merece e reclama, de nossa parte, não um ato agressivo ou belicoso, ou alagoano, mas a muda expressão dessa piedade e dessa misericórdia que devem habitar sempre os nossos corações.

Encerro esta palesta com um verso de Lucrécio: "É doce envelhecer de alma honesta".

Deus guarde V. Exa. Senhor Presidente, e os demais integrantes desta Casa.

Tenho dito."